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10 Razões para escolher um jardim de infância que valorize o brincar

Sofia Silva • 2 de setembro de 2023

A participação no brincar diminuiu significativamente nos últimos 50 anos, registando-se uma associação direta entre o aumento da ansiedade e depressão nas crianças/adolescentes e o declínio do brincar.

O brincar pressupõe um envolvimento espontâneo e ativo da criança, permitindo-lhe conhecer e controlar o seu próprio corpo, adquirindo conceitos básicos sobre tudo o que a rodeia.

A evidência científica mostra que, devido ao extenso desenvolvimento cerebral ocorrido durante os primeiros dois anos de vida, as experiências dos bebés nas brincadeiras sensoriomotoras são cruciais para o desenvolvimento ideal do cérebro.


Quando brinca, a criança explora novas formas de resolver problemas, adquirindo as competências necessárias para se tornar um adulto saudável.


Atualmente, observa-se um crescente desejo por parte dos pais em querer que os seus filhos estejam academicamente preparados para a entrada no 1º ciclo. Consequentemente, os jardins de infância adotam métodos cada vez mais distantes da brincadeira, da criatividade e da socialização, direcionando-se para as competências de pré-leitura, introduzindo momentos mais longos onde permanecem sentados com aulas dirigidas por professores. Esta metodologia está a ter um impacto significativamente negativo no desenvolvimento global da criança.


Por outro, estudos efetuados evidenciaram que crianças que se envolviam no brincar, no mínimo 15 minutos por dia, demonstravam um comportamento mais adequado em contexto de sala de aula e eram mais recetivos à aprendizagem do que os seus colegas que tinham pouca ou nenhuma oportunidade de brincadeira.

Em jardins de infância baseados nas práticas do brincar observam-se benefícios a longo prazo nomeadamente na aquisição de aprendizagens e numa participação mais ativa e autónoma:


  1. Dispõe de salas destinadas à brincadeira simbólica (faz-de-conta): as atividades de jogo simbólico estimulam a imaginação, o vocabulário e o pensamento crítico enriquecendo as interações com os pares;
  2. A função mais importante de um educador é promover o brincar: deve existir espaço e oportunidades para a criança explorar e procurar informação ao invés de receber passivamente conteúdos, como ocorre no uso da tecnologia;
  3. Todas as crianças beneficiam da participação no brincar e não apenas aquelas com desenvolvimento atípico: especialistas no tema da primeira infância defendem que todas as crianças necessitam de aprender a brincar. Os educadores auxiliam a planear brincadeiras, desenvolvendo-as e complexificando-as gradualmente;
  4. Permitem desenvolver a imaginação e criatividade na interação com os pares: as crianças em idade precoce têm poucas oportunidades de brincar sem a interferência do adulto sendo que, para muitas delas, o jardim de infância será o espaço privilegiado para promover o brincar livre;
  5. Brincar é um meio eficaz para promover as competências de linguagem: usar um tom de voz apropriado, contacto ocular, expressões faciais, gestos, linguagem corporal e desenvolver vocabulário.
  6. Desenvolvem competências sociais: aprendem a dar a vez, negociar, argumentar e a defender o seu ponto de vista. Descobrem que comunicar verbalmente é essencial quando se trabalha com o outro para um objetivo comum;
  7. Permitem desenvolver a capacidade empática: brincar com o outro, cooperando e trabalhando em prol de um objetivo comum, permite à criança valorizar a partilha e construir a base para o desenvolvimento da empatia;
  8. Promove a capacidade emocional e mental para se envolverem em atividades novas e desafiadoras em contexto escolar;
  9. Aprendem como gerir as emoções e a resolver conflitos: no desenrolar do brincar a criança experiencia necessariamente conflitos, dando-lhes oportunidade de gerir sentimentos de raiva e frustração;
  10. Incentivam o brincar livre ao invés das atividades estruturadas e da aprendizagem académica: direcionar precocemente a criança através de uma metodologia baseada em conteúdos académicos promove uma aprendizagem mais superficial no que respeita ao nível de autonomia e capacidade de resolução de problemas.


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