Será que sou um Pai Superprotetor?

Departamento de Psicologia • 23 de agosto de 2023

É normal querer o melhor para os nossos filhos e protegê-los de qualquer perigo. Mas, por vezes, podemos questionar se estamos a ser demasiado protetores.

A superproteção pode ser entendida como o cuidado em excesso, pelos pais com os seus filhos, que poderá resultar num bloqueio no desenvolvimento da criança.


Esta inibição em explorar o mundo é vista como uma frustração para a mesma, que, com o passar do tempo, poderá gerar problemas sociais e afetivos.

A maior parte dos pais que superprotege consideram que estão a fazer o melhor para o seu filho. Assim, podem não ter a consciência clara de que estão a ultrapassar o limite do desejável nos cuidados que estão a prestar à criança.


A criança poderá crescer com um conjunto de percepções enviesadas, nomeadamente de que o mundo é um lugar perigoso, de que ela é incapaz de lidar com as dificuldades ou de que precisa dos outros para resolverem os seus problemas. Crianças mais protegidas tendem a sentir-se inferiores às outras e, habitualmente, não têm oportunidades para que possam desenvolver os recursos e as competências necessários para lidar com o mundo.


Esse zelo pode, infelizmente, ter um impacto negativo no desenvolvimento das crianças.


  • Bloqueio no Desenvolvimento: Quando somos superprotetores, às vezes sem nos darmos conta, acabamos por limitar as oportunidades de aprendizagem e crescimento dos nossos filhos. Eles precisam de espaço para explorar e experimentar o mundo ao seu redor.
  • Desenvolvendo Resiliência: Ao evitar que enfrentem desafios, falhas ou situações desconfortáveis, estamos a privá-los da oportunidade de desenvolver resiliência, autoconfiança e habilidades para lidar com adversidades.
  • Independência Prejudicada: A superproteção pode impedir que as crianças desenvolvam a sua independência e habilidades para resolver problemas. Elas podem ficar dependentes dos pais para as decisões e tarefas do dia a dia.
  • Autoestima e Autoconfiança: Deixar as crianças enfrentarem desafios apropriados para a idade e superá-los constrói a sua autoestima e autoconfiança. Quando sempre estamos lá para resolver os problemas, elas podem sentir que não são capazes.
  • Relações Sociais: A superproteção também pode afetar as relações sociais das crianças. Elas podem ter dificuldade em lidar com a frustração ou em compreender as dinâmicas sociais, já que não tiveram a chance de enfrentar pequenos desafios desde cedo.


Dicas para os pais que (talvez) protegem demais:


  • Dê liberdade em troca de responsabilidade. Se o seu filho demonstra ter maturidade para enfrentar os desafios e as regras que os pais estipulam,pode aumentar gradualmente o nível de autonomia da criança de acordo com a idade que ela tem;
  • Ensine-a a resolver problemas e a saber identificar situações de risco e de proteção (pedir ajuda, fazer uma chamada de emergência, estratégias para resolver um conflito);
  • Incentive o seu filho a ser sincero e a comunicar consigo sobre as suas preocupações, medos ou dificuldades;
  • Crie uma rede de apoio.
  • Ensine o seu filho a identificar pessoas de confiança e mantenha-se em contacto com os amigos da criança e com os seus pais;
  • Permita que o seu filho explore o mundo e seja aventureiro;
  • Ajude o seu filho a ver as coisas más do mundo “em perspetiva” e a tornar-se resiliente;
  • Ajude mas não esteja sempre a impedir que sofra ao fazer os trabalhos de casa por ele para que não seja castigado pelo professor.


É importante lembrar que, como pais, o nosso papel é orientar, apoiar e estar lá para as nossas crianças. Mas também é fundamental permitir que elas cresçam, aprendam com os erros e se tornem indivíduos independentes. Encontrar um equilíbrio entre proteção e liberdade é essencial para o seu desenvolvimento saudável.


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