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“O meu filho tem dificuldades na escrita!” - A Disgrafia

Departamento de Terapia Ocupacional • 7 de setembro de 2023

Uma criança com disgrafia apresenta uma escrita pior tendo em conta a sua idade cronológica e nível educativo...

ESTAS CRIANÇAS PODEM PARECER PREGUIÇOSAS NO PROCESSO DE ESCRITA E INCLUSIVE ADOTAR UMA POSTURA DE RECUSA FACE À ESCRITA.


A criança pode revelar dificuldades na escrita e apresentar uma “letra feia”, contudo, esse facto pode dever-se à diminuição da força da mão, a alterações ao nível do controlo postural, à capacidade para estabilizar as articulações proximais, a dificuldades no planeamento motor (incapacidade para aprender ou para realizar movimentos voluntários coordenados, também conhecido como apraxia ou dispraxia), à perceção visual e à coordenação visomotora.


As dificuldades na escrita também podem estar relacionadas com alterações ao nível das competências cognitivas, das competências sensoriomotoras e da sensação propriocetiva (consciência corporal). Aqui, a criança pode realizar traços com muita pressão – traços grossos, ou, com pouca pressão – traços leves.


As competências motoras finas envolvem estímulos sensoriais táteis (através do toque) e propriocetivos. As informações fornecidas pelos receptores sensoriais na pele, nas articulações e nos ligamentos dos dedos e das mãos devem ser processados corretamente pelo cérebro, de modo a proporcionar à criança a integração, a consciencialização do movimento e a posição da mão para o desempenho de atividades, nomeadamente, na expressão escrita, ou noutras que envolvam a execução de movimentos finos e de destreza.

Quando o cérebro não interpreta, associa e unifica de forma eficiente todas as sensações do seu corpo e do ambiente – processo de integração sensorial – a criança manifesta dificuldades em envolver-se de forma eficaz nas suas ocupações.


Existem estratégias e atividades que podem ajudar a criança na estimulação das competências necessárias para escrever. Se a dificuldade na preensão for acompanhada por dificuldades na motricidade fina e no grafismo, procure um Terapeuta Ocupacional para que sejam identificadas as causas e as áreas em défice, e dadas as respostas terapêuticas adequadas à criança.


Sinais de disgrafia:

  • Dificuldade na formação de letras, números e palavras;
  • Dificuldade em soletrar corretamente;
  • Dificuldade de organização de pensamentos e ideias na escrita;
  • Pega incorreta do lápis;
  • Cansaço rápido aquando a escrita ou escrita lenta;
  • Escrita ilegivel e inconsistente;
  • Dificuldade em tarefas que envolvam pensamento e escrita em simultâneo.


Dicas:

  • Ao realizar atividades que envolvam empilhar, rasgar, puxar, amassar, carregar, empurrar, encaixar, recortar, enrolar e montar/desmontar, estamos a promover o aumento da força da mão e a estimular a destreza manual, a motricidade fina, a coordenação visomotora, a correção e a integração da quantidade de pressão necessária para o desempenho de atividades, nomeadamente, da expressão escrita;
  • A criança deverá ser envolvida nas Atividades da Vida Diária, por exemplo, no banho e na higiene pessoal (lavar as partes do corpo e escovar os dentes), novestir/despir (tirar ou colocar as meias, os sapatos, a camisola e as calças, manipular fechos e abotoar botões) e na alimentação (utilizar os talheres e segurar o copo);
  • Incentive a criança a desenhar, a colorir e a realizar atividades de ligar pontos e de labirinto. Estas atividades envolvem a caneta e/ou o lápis e são ricas para o desenvolvimento e para a estimulação de competências motoras finas e cognitivas, não necessitando da linguagem para organizar o pensamento;
  • O caderno com linhas ajuda desenvolver a noção de organização espacial;
  • Adaptações para a caneta e/ou para o lápis são muito úteis quando a criança tem dificuldade em colocar corretamente os dedos, devido à baixa consciência sensorial. Existem vários modelos que são usados, tendo em conta a maneira como a criança está a realizar a preensão (agarrar/segurar a caneta);
  • Ajudar a criança a contornar o problema de escrita para que continue a aprender (dependendo da idade da criança), reduzindo assim a frustração e stress que essa tarefa possa estar a trazer para a criança (exemplos: utilizar teclado em vez de papel e lápis; completar as tarefas oralmente; usar ferramentas de conversão oral em texto; usar alternativas a tarefas escritas);
  • Verificar a postura durante a escrita e preensão do lápis;
  • Permitir à criança trabalhar ao seu ritmo.

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