Vemos neste dia, crianças felizes a irem de pijama para a escola, mas este dia é muito mais do que isto, as nossas crianças passam o dia em atividades educativas e divertidas inspiradas pela Missão Pijama, que visam a sensibilização para o direito a um teto e a uma família. Hoje a nossa mensagem é para todos os pais, os direitos das crianças são universais e inalienáveis, vamos permitir-nos a uma reflexão sobre os direitos das crianças, aplicada à parentalidade dos dias de hoje.
Todos os pais e cuidadores têm o direito e o dever de proteger os seus filhos e a proteção vai muito além de perigos externos e cuidados primários, proteção está diretamente relacionado com educação, com informação, com segurança não só física mas também emocional. Vivemos num mundo em transformação, os perigos de hoje não são os de ontem, e os de amanhã serão outros que ainda iremos conhecer. Criar crianças resilientes, promover a inteligência emocional, aprender a respeitar o outro e a nós mesmos está no topo das necessidades de proteção e cuidado, depois dos direitos de proteção e cuidado base, essenciais para um crescimento digno.
Falando em dignidade e respeito, não é por serem crianças, seres ainda em desenvolvimento, que os nossos petizes não merecem ser respeitados tal como um adulto. Dignidade e respeito são essenciais em todas as relações, especialmente numa relação tão significativa e impactante para o desenvolvimento como a relação pais-filhos. Além disso, os pais são os modelos dos filhos, e mais do que ensinamentos, as crianças imitam comportamentos, seja um exemplo na relação com os seus filhos e na relação com os outros.
Não é também por serem pequenas que as nossas crianças não têm direito à sua opinião, a expressar a sua vontade. É importante a criança ter voz e ter um papel ativo nas escolhas do dia-a-dia. Cabe sempre ao adulto colocar os limites necessários e zelar pela segurança e proteção da criança. Ouvir a criança, dar-lhe a possibilidade de fazer pequenas escolhas, permitir-lhe conhecer e desenvolver a sua voz vai ajudá-la a crescer de forma saudável, a desenvolver o seu pensamento e a tornar-se um adulto mais capaz.
Crianças têm igual direito a justiça como qualquer adulto. Os pais são os seus principais modelos de justiça e as dinâmicas intra-família são modelos para aprendizagem do que é ou não justo e da criação e conceptualização destes modelos. Seja um exemplo para o seu filho, quer na tomada de decisão para “conflitos” familiares, quer perante situações externas. E mostre-lhe também que todos podemos errar nos nossos julgamentos individuais e que existe sempre a palavra “desculpa” para podermos dizer ao outro sem restrições na sua utilização.
Vamos usar e abusar de um “desculpa” quando necessário, um “obrigada” quando também, porque a justiça começa em nós e nas pequenas coisas. Vamos ensinar e - mais do que isso - mostrar aos nossos pequenos que devemos tratar o outro com justiça e igualdade, seja quem for esse outro: alto, baixo, neurotípico, neurodivergente, idoso, jovem, mulher, homem, etc.
A família é o nosso primeiro sentimento de identidade, onde criamos costumes, aprendemos a pertencer a um grupo. Da família partimos para outros grupos que formam a nossa identidade, na escola, nas atividades que frequentamos, nos amigos que fazemos, no que vemos na televisão, nas redes sociais, até na música que ouvimos. Promova deste cedo costumes que moldem a identidade dos seus filhos, somos seres sociais e o sentimento de pertença, de identidade é muito satisfatório e faz as nossas crianças felizes.
E, por fim, mas não menos importante falemos do direito à Educação e a Brincar (apesar de serem coisas diferentes, não é ao acaso que estão juntos no mesmo tópico). O direito à educação é tão importante como o direito a brincar e nenhum se deve sobrepor ao outro, nem ocupar tempo do outro. Deve haver equilíbrio e tal como é essencial a educação, a escolaridade, a aprendizagem académica, também é importante o brincar e a aprendizagem que o brincar proporciona. Não nos esqueçamos nunca que é através do brincar, do jogo simbólico, que a criança aprende e desenvolve competências, expressa emoções, cresce! Brincar é a principal ocupação da criança e enquanto brinca, a criança constrói as suas bases. Brincar é essencial! Brincar em casa, brincar ao ar livre, explorar, explorar, explorar! É um direito essencial das crianças, é urgente deixar as nossas crianças brincarem livremente, em prol do supremo interesse da criança, do seu futuro e do futuro da humanidade.
Vamos criar crianças seguras e felizes e, consequentemente, um futuro mais risonho.