Considerações sobre o processamento auditivo musical em crianças com Perturbação do Espectro Autista (PEA)

Gustavo Araújo, Musicoterapeuta • 16 de agosto de 2024

Indivíduos com PEA apresentam funcionamento sensorial atípico, e o processamento auditivo-musical nesses casos ainda não é totalmente compreendido.

Estudos indicam que pessoas com PEA podem ter uma capacidade auditiva focal, o que explica a capacidade de alguns indivíduos em tocar e compreender música complexa, mas sem captar nuances emocionais. Este processamento pode ser influenciado pelo crescimento precoce do cérebro, resultando em diferenças anatómicas que afetam a transmissão de informações no cérebro.


Alterações em regiões específicas, como o cerebelo e o córtex orbitofrontal, afetam funções cognitivas, emocionais e rítmicas. O cerebelo, por exemplo, influencia a percepção rítmica e a expressão emocional. Já o córtex orbitofrontal está ligado à compreensão musical e ao prazer associado à música.


O núcleo caudado, que libera dopamina, também está envolvido no prazer musical, o que sugere o uso da música para melhorar habilidades socioemocionais e reduzir comportamentos repetitivos em indivíduos com PEA.

Embora pessoas com PEA tenham dificuldades para perceber e expressar sentimentos através de expressões faciais, elas processam emoções musicais de maneira semelhante a indivíduos neurotípicos. Além disso, apresentam maior facilidade para memorizar alturas sonoras, o que reforça o uso terapêutico da música. Neurónios espelho, associados à imitação e memória musical, permitem que a música ative áreas cerebrais prejudicadas, ajudando na reabilitação de algumas funções.


Em resumo, a música pode ser uma ferramenta poderosa para estimular habilidades sociais e emocionais em indivíduos com PEA, conforme evidenciado por estudos em musicoterapia.

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