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Crianças com Comportamentos de Oposição/Desafio

Sofia Coelho, Psicóloga • 3 de novembro de 2023

Provavelmente já sentiu dificuldade em lidar com certos comportamentos do seu filho...

A PARENTALIDADE TRAZ DIVERSOS E VARIADOS DESAFIOS, QUE PODERÃO DEPENDER EM INTENSIDADE, MAS QUE, INEVITAVELMENTE, FARÃO PARTE DO PAPEL DE EDUCADOR.


É importante referir que todas as crianças passam por uma fase de desenvolvimento em que precisam de testar os limites das suas relações e, por isso, muitas vezes observamos crianças que se opõem ou desafiam os pedidos que lhe são feitos. É muito positivo e sinal de normal desenvolvimento se o seu filho o fizer – as crianças precisam de saber onde estão os limites para se sentirem seguras nas suas relações, principalmente as relações mais significativas como as que têm com os seus educadores.


Este tipo de comportamentos é observado com mais frequência no início da 1ª infância, até aos 5/6 anos de idade e durante a adolescência. Este tipo de comportamentos é influenciado, não só pelo estágio de desenvolvimento da criança, mas também pelo estado emocional, psicológico e físico da criança. Sabemos que se a criança estiver com sono ou com fome é mais provável que resista ao que pedimos ou que apresente desregulação emocional (as famosas birras).


Os cuidadores têm um papel fundamental nas vidas das suas crianças, mas ainda mais nos momentos em que se verifica uma desregulação emocional (a criança resiste, chora, grita e não colabora).


Nestes momentos, a criança precisa de sentir que o adulto a pode ajudar a regular-se. Como se pode fazer isso? Regulando as nossas próprias emoções, não deixando que o estado emocional da criança influencie o nosso e mostrando como poderá a criança acalmar-se. Vamos respirar fundo, aumentar a tolerância e orientar a nossa criança.

Mesmo quando quem está frustrado, irritado ou chateado é o adulto, a criança observa como este se comporta e lida com as suas emoções. Se conseguirmos transmitir à criança as estratégias que utilizamos para nos acalmarmos, mais provável será a criança tentar utilizar essas estratégias para si. A partilha e conversa sobre as emoções que sentimos, as sensações do corpo que as emoções nos trazem e como podemos geri-las são muito positivas para o desenvolvimento da criança.

Adapte a conversa ao vocabulário e idade da criança, nomeie as emoções e faça correspondências com sensações corporais, reflita com a criança sobre o que foi sentido quando chorou quando estavam no carro a ir para casa. Partilhe com a criança que também sente essas emoções e de que forma ou em que momentos.


Será importante que as regras e limites sejam bem definidos e não sejam alterados quando a criança chora ou berra. Se, quando a criança está a chorar e a gritar no supermercado, lhe dermos um doce para se acalmar, não só estamos a dificultar o processo de aprendizagem de regulação emocional da criança, como a reforçar o comportamento, dizendo-lhe através das nossas ações “Se chorares no supermercado, dou-te um chocolate”. O mesmo será válido se, em vez de um chocolate, estivermos a falar de um telemóvel com vídeos de desenhos animados, por exemplo.


A conversa sobre as regras e limites entre pais e filhos deve ser constante, com flexibilidade para ajustes, sempre que se verificar necessário. Nessas conversas, também deve ser explicado, calmamente, o que acontecerá quando a criança não conseguir cumprir o que foi acordado. O objetivo é que a criança saiba com o que contar - onde estão os limites e o que acontece se não os respeitar. Os comportamentos de que falamos são frequentes nas crianças, dado que nestas idades ainda não existe a capacidade de autorregulação da criança e, por isso, a expressão das suas emoções faz-se de uma maneira muito mais evidente e efervescente. Atente nas estratégias que resultam com o seu filho.

A birra é a expressão da avalanche emocional que a criança está a sentir e precisa de expressar naquele momento. Em alguns casos conseguimos falar com a criança durante esta avalanche, noutros precisamos de a encaminhar e orientar, comunicando sem utilizar muitas palavras. É muito importante que exista espaço para haver expressão emocional por parte da criança e que ela sinta que os seus cuidadores a ajudam nestes momentos, mesmo quando se porta mal, mesmo quando faz asneiras e birras. Afinal de contas, o amor que é nutrido não é condicional ao comportamento da criança.


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