O conceito de intergeracionalidade remete para as relações de consenso, cooperação ou conflito entre indivíduos de diferentes gerações, idades e contextos (Beltrán & Gomez, 2013; Caldeira, 2010; Nunes, 2009).
Estas mesmas relações têm o potencial de promover mudanças positivas nas mentalidades, incentivando a cidadania, inclusão, solidariedade social e bem-estar para todos os envolvidos.
A relação especial entre avós e netos ocorre entre a primeira e a terceira geração (Albrecht, 1954; Harwood & Lin, 2000) e é um vínculo íntimo e afetuoso que desempenha um papel crucial na formação, desenvolvimento e bem-estar mútuo.
É como se três eixos temporais se cruzassem (social, familiar e individual)
que consideram as três gerações (dos avós, pais e netos).
O tempo social remete para grupos que nasceram e viveram em períodos diferentes com características distintas. Neste sentido, os avós garantem uma janela privilegiada para o passado da comunidade e da família através do relato vivido e
personificado dos factos; enquanto os netos propiciam a atribuição de novos significados às experiências narradas, tornando-as mais positivas e suportáveis para os avós. A crença de que os avós vivem no passado e são retrógrados e a discordância face a atividades a partilhar, são obstáculos à relação (Sousa, 2006).
Este tempo social também nos conecta com grupos que nasceram e viveram em períodos distintos, com experiências únicas.
O tempo familiar representa a passagem pelas diferentes fases do ciclo de vida familiar. As famílias estão em constante evolução, enfrentando desafios e transformações ao longo do tempo, momentos de crise ou desmembramento, em que sujeitos entram ou saem do sistema, destacando-se eventos como: sair de casa, junção de famílias pelo casamento, famílias com crianças, famílias com adolescentes, filhos que saem de casa ou famílias no fim de vida (Sousa, 2006).
Os avós desempenham um papel essencial ao oferecer recursos instrumentais, financeiros e afetivos para ajudar seus filhos e netos nesse processo de crescimento familiar. Enquanto isso, os netos absorvem os valores, princípios, comportamentos e atitudes transmitidos pelos avós. É natural que cada fase da vida traga diferentes preocupações e objetivos, o que pode representar desafios para a relação entre avós e netos. No entanto, com compreensão e respeito mútuo, esses obstáculos podem ser superados.
O tempo individual está ligado ao desenvolvimento de cada indivíduo, incluíndo características afetivas, cognitivas, sociais e motoras. Também envolve a relação com sistemas como a escola, trabalho e comunidade, refletindo as necessidades e prioridades de cada pessoa. Os avós trazem consigo a maturidade e podem ter algumas limitações físicas, enquanto os netos têm uma menor maturidade emocional, mas maior competência física. Quando essa relação é repleta de carinho, compreensão e aprendizagem mútua, ambos os lados desenvolvem atitudes mais positivas em relação ao envelhecimento. Embora possam surgir diferentes motivações e interesses ao longo do tempo, é possível encontrar um equilíbrio que fortaleça o vínculo entre avós e netos.
A relação intergeracional entre avós e netos é um tesouro que deve ser valorizado e cultivado. É uma oportunidade de aprendizagem, crescimento e amor incondicional.
Aproveite cada momento partilhado com os seus avós ou netos, e proporcione essa partilha aos seus filhos, crie memórias preciosas e deixe que essa conexão especial enriqueça as suas vidas e da sua família.
#IdadesDosAfetos #AvósENetos #AmorIntergeracional #LaçosFamiliares