Importância do Brincar Enquanto “Ocupação” da Criança

Sofia Costa, Terapeuta Ocupacional • 28 de maio de 2024

Dia Mundial do Brincar - “Brincar é a forma mais sublime de descobrir o mundo”

Brincar é conexão, interação, diversão, envolvimento e desafio (UNICEF, 2008).


Através do brincar a criança transmite e comunica experiências, desejos, pensamentos e emoções. O brincar torna-se numa excelente ferramenta para os terapeutas usarem enquanto observam, avaliam ou intervêm com a criança.

Atualmente, o brincar deve ser visto não apenas como um método terapêutico, mas como um objetivo a ser alcançado como um fim em si (Ferland, 1997). O brincar dá significado e estrutura à intervenção, e a interação lúdica entre terapeuta e criança pode levar a uma maior expressão de alegria e sucesso por parte da criança…


Segundo a AOTA (American Occupational Therapy Association), o ato de brincar é uma ferramenta importante que influencia a vida de uma criança. Os principais objetivos da infância são crescer, aprender e brincar. Muitas vezes é através do brincar que as crianças aprendem o sentido do mundo à sua volta. A criança ao brincar, desenvolve a coordenação física, maturidade emocional, competências sociais para interagir com outras crianças, e a autoconfiança para experimentar coisas novas e explorar novos ambientes.


A ocupação é uma necessidade básica e é uma das principais OCUPAÇÕES da criança.


Brincar é, na verdade, algo muito sério! Na sessão de Terapia Ocupacional as crianças brincam, exploram e experimentam, por outro lado, os TO’s atribuem significado à forma como a criança interage, com age, como se movimenta, como faz as suas escolhas, como se relaciona, etc. Desta forma podemos dizer que para os TO’s, o brincar é uma das suas principais ferramentas, sempre com os objetivos terapêuticos bem presentes e com o foco dos interesses e individualidade de cada criança

O terapeuta não só brinca, mas também:

  • Escolhe as estratégias mais adequadas para interagir, construir, imaginar e conversar;
  • Cria novas possibilidades para estimular da melhor forma o desenvolvimento da criança;
  • Planifica as sessões, através da organização dos brinquedos e adequação dos estímulos;
  • Define regras e limites enquanto segue a iniciativa da criança;
  • Contempla o envolvimento da criança com o outro e/ou objetos.

Então, NÃO, não estiveram apenas a brincar, a criança envolveu-se, interagiu, conversou, explorou, imaginou, descobriu competências fundamentais para o seu desenvolvimento.


Relação entre integração sensorial e brincar

O brincar é composto por uma variedade de comportamentos que promovem a integração sensorial, que sustenta o desenvolvimento do pensamento e de competências mais complexas. O impulso para obter experiências sensoriais táteis, vestibulares, auditivas e/ou visuais domina os comportamentos de brincar dos bebés, que passam grande parte do tempo em que estão acordados interessados em experiências sensoriais novas e prazerosas, às quais vão dando gradualmente significado (Serrano, 2024)

A combinação de todos os sistemas (sensoriais, motores, perceptivos, linguagem, etc.) é evidente na capacidade de atenção da criança, de criar conceitos sobre tudo o que a rodeia, de memória e de resolução de problemas, que são parte integrante do brincar (Serrano, 2024).


“…se o terapeuta não pode brincar, então ele não se adequa ao trabalho. Se é o paciente que não pode, então algo precisa de ser feito para ajudá-lo a tornar-se capaz de brincar.” Winnicott, 1975


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