A vinculação é um processo que se estabelece entre a criança e a figura cuidadora, no qual ocorrem comportamentos por parte da criança que visam a procura de proximidade ao cuidador (e.g., sorriso, choro, olhar). Este movimento da criança, quando atendido de forma eficaz pelo cuidador, permite que este se torne a sua base segura, sendo a partir deste laço afetivo que a criança adquire capacidade de explorar o desconhecido, sentindo- se tranquila e protegida para explorar livremente, brincar e satisfazer a sua curiosidade natural.
A relação que a criança estabelece com a sua figura de vinculação é um modelo que esta internaliza e o qual a guia nas relações que estabelece durante o seu processo de desenvolvimento, tendo impacto na relação que cria futuramente consigo (p.e., o modo como se percepciona), os outros (p.e., família, amigos, professores) e o mundo (p.e., o modo como percebe os acontecimentos, prevê o futuro e planeia ações).
Deste modo, a relação inicial que a criança estabelece com a sua figura de vinculação é importante, pois esta irá ter influência direta na forma como a criança se aprende a regular emocionalmente e a ser capaz de interpretar e predizer comportamentos, pensamentos e sentimentos, sendo este aspeto central no modo como a criança se irá inserir na sociedade (p.e., processo de socialização com os pares e família). Assim, diferentes tipos de vinculação desenvolvem também diferentes tipo de cognição em relação às relações interpessoais e ao modo como a criança se regula e gere as suas emoções.
O cuidador deve estar atento aos sinais de proximidade da criança, procurando satisfazer as necessidades físicas e emocionais da mesma, o que irá permitir estabelecer uma díade de maior qualidade que terá reflexo no desenvolvimento futuro da criança.
Cuidadores responsivos e acessíveis, tornam possível que a criança consiga desenvolver um modelo saudável de si própria e dos outros (p.e., amor, respeito, confiança), proporcionando-lhe confiança para se sentir segura a procurar ajuda sempre que se sente em perigo. Por outro lado, cuidadores indisponíveis, aumentam a probabilidade da criança se percepcionar como não digna de receber amor e ter valor, internalizando este modelo que irá transparecer para as suas relações futuras com os outros. Este dado é particularmente relevante, uma vez que crianças que desenvolveram representações negativas sobre si e os outros, apresentam maior probabilidade de desenvolver perturbações psicológicas.
Existem quatro tipos de vinculação que a criança pode apresentar, sendo esta reflexo e um indicador do modo como a criança viveu e sentiu a sua relação inicial com o cuidador. O tipo de vinculação ajuda a compreender a forma como a criança se sente segura na presença da figura cuidadora, tendo isto influência no modo como explora e brinca:
Atenção! É importante o cuidador compreender a necessidade de existir equilíbrio entre responder às necessidades da criança e deixá-la explorar livremente, sendo tão prejudicial a indisponibilidade do cuidador, como a proteção excessiva, estando ambos os comportamentos relacionados com o desenvolvimento de ansiedade na fase infantil e adulta.
O estabelecimento de uma vinculação segura entre criança e cuidador é fulcral para o seu desenvolvimento saudável, podendo isto ter impacto na saúde mental da criança e na qualidade das suas relações futuras. É importante reter que respostas de maior qualidade às necessidades físicas e emocionais da criança, aumentam a probabilidade de se estabelecer uma vinculação segura, sendo isto um fator protetor para a saúde mental da criança.