Desde anúncios de publicidade na televisão ou nos outdoors, a letras de músicas que passam na rádio ou conteúdos das redes sociais. Já reparou que, na secção de roupa infantil, predominantemente na zona que determinam ser para menina, são frequentes as coleções que têm camisolas que não tapam a barriga, vestidos com aberturas nas ancas, ou calções muito curtos? Já reparou que há músicas extremamente erotizadas que passam na rádio ou que, com coreografias associadas, invadem as redes sociais? São exemplos do fenómeno de hipersexualização de que falamos e que poderão passar despercebidos.
É, primeiro que tudo, necessário esclarecer um mito relacionado com este tema: A inocência que admitimos que as crianças têm relativamente à erotização presente nos vários conteúdos a que estão expostas, não as protege. Quer com isto dizer que, se a etapa de desenvolvimento da criança não permitir a interpretação sexualizada das palavras, expressões ou imagens utilizadas, é, mesmo assim, prejudicial para o seu desenvolvimento. O que se verifica é que a criança conseguirá, passado pouco tempo, aprender e perceber ao que se referem estes conteúdos, quando o seu desenvolvimento ainda não está pronto para tal.
Tal como não esperamos que um bebé recém-nascido consiga andar, também não podemos esperar que crianças consigam gerir o conteúdo sexualizado das músicas que ouvem. É necessário, em primeiro lugar, desenvolver outras competências: o bebé terá primeiro de aprender a sentar-se, a equilibrar-se, a pôr-se de pé e só depois podemos expectar que inicie a marcha. O mesmo se passa para a sexualidade.
A educação sexual está dividida por etapas e assim, acompanha o desenvolvimento saudável da criança. A educação sexual deverá começar na definição das partes do corpo, dos limites do corpo e do que é adequado fazer ou não. Deve, sim, ensinar os nomes corretos das partes íntimas, sem medo: a vulva e a vagina, o pénis e os testículos, o ânus e as nádegas. Educar para a sexualidade é proteger: é ensinar à criança quem pode tocar nas suas partes íntimas e em que contextos. É ensinar à criança que tem direito a dizer que não quer estar exposta em determinado momento e é ensinar quem são adultos de confiança que podem ajudar e que vão acreditar no que a criança diz. A educação sexual começa, também, pela educação para os afetos, para o bem-tratar do outro, para o respeito pelo espaço do outro e o respeitar do nosso espaço.
A hipersexualização prejudica igualmente o desenvolvimento sexual em idades posteriores à infância. Durante a infância e adolescência, a exposição em demasia a conteúdos hipersexualizados e eróticos poderá traduzir-se em, por exemplo, dificuldades de confiança, de autoestima e de relacionamento interpessoal. Atualmente, a visualização de vídeos com conteúdo erótico está a ser cada vez mais precoce e mais frequente, consequente do acesso livre à internet. Se a criança ou pré-adolescente não tiverem bases de educação sexual sólidas, poderão interpretar como reais os padrões e guiões demonstrados em conteúdo erótico; o que poderá impactar negativamente e em grande escala as suas relações afetivas, românticas e sexuais no futuro.
Se sente que este tema é difícil para si enquanto educador(a), não está sozinha(o)!
A realidade é que muitos adultos também não tiveram acesso a uma educação sexual adequada e agora, enquanto educadores, sentem dificuldade em orientar a sua criança.
Peça a ajuda de um profissional, marque uma consulta de aconselhamento parental e aprenda como poderá proteger e educar a sua criança para uma sexualidade saudável.