Perturbação do Espetro do Autismo
A Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) é uma perturbação do neurodesenvolvimento.

Caracterizada por défices persistentes na comunicação e na interação social em vários contextos e padrões de comportamentos, interesses ou atividades restritas e repetitivas.
A PEA deve ser encarada como uma perturbação que se caracteriza por um contínuo, entre o nível mais grave e o nível mais ligeiro, e será esse nível que irá determinar a necessidade de apoio e intervenção. Contudo, por se tratar de uma perturbação crónica que impacta o desenvolvimento da criança, o seu diagnóstico deve ser feito o mais cedo possível para que a intervenção seja iniciada o quanto antes.
Alguns sinais de alerta:
- Não olhar nos olhos
- Não responder quando se chama pelo seu nome
- Não compreender quando se fala diretamente com a criança
- Não usar gestos (como apontar, dizer adeus)
- Dificuldades em imitar
- Não se envolver em jogos interativos
- Levar o adulto pela mão e não fazer pedidos verbalmente
- Alinhar, empilhar, rodar objetos de forma repetitiva e obsessiva
- Dificuldades em brincar com brinquedos novos
- Dificuldades na adaptação a situações novas e mudanças de rotina
- Ter movimentos repetitivos (estereotipias – andar em bicos de pés, balancear, rodopiar, saltinhos)
Mas será que conhece bem a Perturbação do Espetro do Autismo?
- O seu diagnóstico é facilmente realizado, uma vez que apresentam um padrão típico de indiferença socioemocional?
Falso. O diagnóstico requer uma avaliação multidimensional que caracterize a criança na sua esfera de comunicação, interação social e comportamental. Embora estejam descritas algumas características comuns em crianças com PEA, esta manifesta-se forma idiossincrática e cada criança terá as suas características, exigindo uma avaliação cuidadosa e rigorosa.
- Uma pessoa diagnosticada com PEA nunca poderá desenvolver uma vida relativamente normal?
Falso. Atendendo sempre ao nível de gravidade e às características e cada indivíduo, é possível que uma pessoa com PEA desenvolva uma vida independente e estável do ponto de vista individual, relacional e profissional. Com uma intervenção precoce e eficaz de uma equipa multidisciplinar, é possível desenvolver competências e estratégias que permitam a sua independência.
- As características começam a ser notórias e manifestar-se entre os 12 e 24 meses, embora possam estar presentes logo no primeiro ano de vida?
Verdadeiro. As primeiras manifestações frequentemente envolvem o atraso no desenvolvimento da linguagem, a ausência de interação social e/ou padrões incomuns ao nível da comunicação, e surgem, habitualmente, depois dos 12 meses. Contudo, algumas características podem ser visíveis ainda antes desse marco, sendo um indicador de maior gravidade no espetro; também é possível que uma criança tenha um desenvolvimento normativo até aos 24 meses e só depois apresente alguns retrocessos.
- A PEA é mais prevalente em indivíduos do sexo masculino?
Verdadeiro. Evidências científicas mostram que a PEA é quatro vezes mais diagnosticada em crianças do sexo masculino. No entanto, a gravidade do espetro tende a ser maior em crianças do sexo feminino.
- A PEA é uma doença?
Falso. A PEA é sim uma condição do neurodesenvolvimento da criança e tem impacto na forma como esta se percepciona e relaciona com o meio.
- A PEA não tem cura?
Verdadeiro. Contudo, as intervenções disponíveis hoje em dia para a PEA revelam bom prognóstico e resultados significativos na melhoria da qualidade de vida das crianças. A intervenção será mais eficaz quanto mais precocemente tiver início, pelo que é importante estar alerta às características desta perturbação para que o diagnóstico seja feito atempadamente.
Em suma, a compreensão, aceitação e apoio contínuo são fundamentais para construirmos uma sociedade mais inclusiva e acolhedora para todas as pessoas que vivem no espetro do autismo.